Temendo uma recidiva dos confrontos, Al reune a família em retirada para a Baía das Pipas, o refúgio, o paraíso da família. Aí, recuperam energias e aguardam notícias para poderem voltar a normalidade.
No aconchego da casa dos avós de Imga, saboreando a deliciosa sopa de peixe da querida avó Katchero, em torno da longa mesa da sala, com o velho avô Espírito Santo, nos seus cabelos prateados e ternas mãos de longos dedos amarelecidos pelo cigarro, comungavam todos daquela paz familiar, alheios ao facto de que esta sería a última vez que este quadro se pintaria...
As notícias vindas da cidade, eram favoráveis ao regresso da família à vida normal. Os adultos retomam a sua actividade nas lojas e as crianças regressam à escola. A vida tería de seguir o seu curso...
Contudo, esta calmia era apenas aparente. O novo ano de 1976 ainda mal havia iniciado. Imga como era costume, todas as manhãs, foi para o colégio acompanhada de seu primo Onem. De repente, o curso normal das aulas é interrompido pelo toque incessante de sirenes. As freiras
apelam à calma e ao silêncio, na tentativa de impedir que as crianças saíssem em debandada. Mas, era muito difícil conter o medo e o desespero que se apoderava de todos! As notícias que chegavam indiciavam o reeinício dos confrontos.
As portas do Colégio Nossa Senhora de Fátima abriram-se por fim e, entre lágrimas e gritos de desespero, deu-se início a uma louca corrida contra o tempo pois, anunciava-se nas ruas a existência de barcos atracados no Cais, prontos a transportar quem quisesse abandonar a cidade pois, as forças opositoras estaríam a escassos quilómetros.
Muitas crianças desencontraram-se dos seus pais. Até mesmo Imga! Ao chegar a casa a mãe já se encontrava com sacos de mão, pois não havería tempo para arrumar mais nada. Mas o pai, onde estava o pai de Imga? O pai saíra ao seu encontro no colégio. Imga chorava pois não sairia dali sem o seu pai...
Felizmente, o pai de Imga chegou, reuniu a família e dirigiram-se para o Cais, apenas com a roupa do corpo e pouco mais...
Lá estava ele: O Silver Sky. O nosso salva-vidas!
Num abrir e fechar de olhos, estávamos a zarpar em direcção ao alto mar.
quarta-feira, 26 de março de 2008
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